sábado, 8 de maio de 2010

As cortesãs gregas

Entre os gregos, o culto do belo estava acima da moral e encerrava toda uma filosofia de vida. A única religião era a do amor pagão, em honra do qual se erguiam esplêndidos templos que eram assistidos por milhares de cortesãs.

Profundo conhecedor da literatura e dos hábitos amorosos do povo grego, povo alegre, vivaz e artista até a corrupção, Emile Deschanel retrata neste livro a vida das hetairas de Atenas e das colônias gregas da Ásia Menor.

Como se sabe, essas mulheres educadas para a arte do amor por meio de requintes que ultrapassam a própria imaginação, desempenharam papel de excepcional importância na sociedade de seu tempo.

A formação física e espiritual das hetairas era realizada nas “escolas” ou “conventos” de cortesãs, que se disseminavam por Lesbos, Mileto, Corinto, Abidos, Tenedos, Atenas e outras cidades da Grécia antiga.

Inúmeras cortesãs, exercendo o seu ofício, alcançaram notoriedade e projetaram-se nas páginas da história. Merecem, nesta obra, especial atenção do autor, que num estilo ágil, vivo e por vezes jocoso, descreve as suas misérias e grandezas. Sim, também grandezas, pois esta qualidade não se excluía da triste condição de hetaira.

Hiparca, uma das mais belas cortesãs, renuncia à vida faustosa para casar-se com Crates, filósofo paupérrimo e corcunda; Firnéia se propõe, com as rendas de sua beleza, reconstruir as muralhas de Tebas; Laís é assassinada na Tessália por mulheres invejosas de sua beleza; Aspásia provoca a guerra do Peloponeso; Taís, saindo de uma orgia com Alexandre da Macedônia, incendeia a cidade de Persépolis, e Safo, a imortal sacerdotisa do amor, resgata com seu gênio literário todas as suas vergonhas. O que restou de seus poemas de rara beleza e sensualidade rivaliza-se com os “Cânticos dos Cânticos” de Salomão.

Extremamente belas e talentosas, ou singularmente infelizes e amorais, desfilam nesta obra dezenas de cortesãs, que custa crer tenham vivido apartadas de nós por tantos séculos, personagens que foram daqueles tempos fabulosos de que nos fala Homero.

Prematuramente imoladas na chama da voluptuosidade, deixaram, todavia, nos primórdios da civilização ocidental, um rasto de pecaminosa grandeza que os tempos cristãos não conseguiram apagar.

Autoria Emile Deschanel
Tradução e comentário Luiz Toledo Machado
Editora Ediouro

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